Oficina
– Jogos Teatrais na Escola
- Rosana Viveiros -
O teatro pode ser uma ferramenta muito importante no processo de
desenvolvimento humano, como aponta vários estudos. Devido ao seu caráter lúdico e a
propositura do estado de jogo, torna-se um elo fundamental nos
processos de ensino-aprendizagem dos indivíduos. Segundo os PCNs de
Teatro:
“A dramatização
acompanha o desenvolvimento da criança como uma manifestação
espontânea, assumindo feições e funções diversas, sem perder
jamais o caráter de interação e de promoção de equilíbrio entre
ela e o meio ambiente. Essa atividade evolui do jogo espontâneo para
o jogo de regras, do individual para o coletivo.”
O
teatro permite a vivência de experiências sensoriais diversas,
onde, a partir dos jogos teatrais e dramáticos, o jogador pode se
posicionar em estado de simulação, envolvendo nessa realidade
paralela do jogo, suas emoções, conceitos, valores. JAPIASSU diz
que a “finalidade do jogo teatral na educação escolar é o
crescimento pessoal e o desenvolvimento cultural dos alunos por meio
do domínio, da comunicação e do uso interativo da linguagem
teatral, numa perspectiva improvisacional ou lúdica.”
Além disso, a vivência
teatral promove a ampliação da visão de mundo, facilita o
desenvolvimento do senso coletivo e da consciência cultural,
conforme propostas do PCN' s de Arte.
Jogos
Teatrais são a designação dos jogos improvisacionais desenvolvidos
pela diretora teatral norte-americana Viola Spolin, para fins de
preparação de atores profissionais ou na utilização do teatro
para iniciantes ou mesmo nas atividades escolares. Segundo a autora
não é qualquer jogo que é um jogo teatral, para tanto é
necessário que o mesmo tenha um foco específico, desenvolvido a
partir de instruções e regras que levam o jogador a desenvolver
formas da arte teatral.
Ao salientar a importância
do desenvolvimento das práticas teatrais na escola, considero a
vivência do aluno, o processo de construção, colaboração e relação entre
os envolvidos, a experiência, a descoberta de uma nova maneira de
enxergar o mundo e de se reconhecer no espaço/no mundo mais que o
resultado artístico. Pois o ensino do teatro na escola não visa a
formação de atores e sim auxiliar no processo ensino/aprendizado contribuindo com crescimento pessoal do aluno.
Objetivo
Geral:
- Desenvolver habilidades que proporcione aos alunos uma maior concentração e criatividade, além de proporciona-los uma vivência artística e exploração dos sentidos.
Objetivos
Específicos:
- Proporcionar ao aluno uma vivência significativa que o leve a ampliar seu pensamento, assim como a agilidade do mesmo;
- Desenvolver atividades que explorem a criatividade dos alunos e que os permita navegar no mundo da imaginação;
- Estimular a concentração e aten dos alunos por meio dos jogos propostos;
- Despertar o interesse pela criação de Histórias;
- Ampliar a capacidade da oratória, eliminando a timidez e o medo de expressar os seus pensamentos;
- Estimular o raciocínio em prol da criatividade e com rapidez.
- Desenvolver o senso de equipe e confiança dos alunos tanto em relação aos colegas quanto ao professor.
Pré-requisitos: Sala limpa e ampla, que proporcione a movimentação dos alunos pelo espaço.
Atividade 01
– Desenvolvimento da percepção e sensibilidade através do
aguçamento dos sentidos. Relaxamento. De preferência em um espaço tapetado ou com colchonetes para que todos possam se deitar e relaxar. Colocar uma música tranquila própria para a atividade, pedir que todos se deitem com a barriga para cima, braços paralelos a corpo e olhos fechados. O professor/orientador deverá, pausadamente, repassar as seguinte orientações: - soltar bem o peso do corpo deixando a gravidade agir; Inspirar e expirar profundamente; solte bem o peso da cabeça; relaxe a boca, as orelhas, o pescoço, os ombros, os braços, as mãos, o peito, a coluna, o quadril, as pernas, a panturrilha, o calcanhar, os pés, sempre respirando profundamente. Levar os alunos a imaginar que estão em lugares aconchegantes, tranquilos (citar os lugares - ex.: areia, gramado bem verdinho, nuvem, monte de algodão, etc.). Para finalizar, oriente que abram os olhos bem lentamente e comecem espreguiçar. Daí pode-se passar direto para o alongamento, criando uma sequência.
Atividade 02 –
Alongamento - Este é uma
preparação do corpo para as aulas de teatro, sem ele fica
impossível a realização dos exercícios que virão na sequência.
O alongamento proporciona uma melhor flexibilidade do corpo e
representação do esquema corporal.
Atividade
03 – Remo - Em
duplas os participantes deverão simular que estão em um barco em
meio ao mar remando. Uma hora vai para o corpo para frente e leva o
outro consigo, hora outro vai com o corpo para trás levando o outro
consigo e assim sucessivamente. O professor poderá orientar a
simulação de um rio caudaloso, um mar bravio, mar calmo...
atividade 04 – Fila
de cegos - Duas filas. Faz-se uma fila de pessoas com os olhos
fechados, esta procura sentir, com as mãos, o rosto e as mãos das
pessoas da outra fila que estarão na sua frente. Depois os atores
separam-se e os cegos tentarão descobrir, tocando nos rosto e as
mãos de todos, qual o ator que estava na sua frente.
Atividade 05 –
Hipnotismo - Um participante põe a mão a poucos centímetros do
rosto do outro e este fica como que hipnotizado, devendo manter a
face sempre à mesma distância da mão do hipnotizador. Este inicia
uma série de movimentos com a mão, para cima e para baixo, fazendo
com que o companheiro faça com o corpo todas as contorções
possíveis a fim de manter a mesma distância. A mão hipnotizadora
pode mudar, para fazer, por exemplo, com que o ator hipnotizado seja
forçado a passar por entre as pernas do hipnotizador.
Atividade 06 –
Caminhada com
sentimentos/estátua – Exploração de ritmos, planos e
expressividade do corpo. Inicialmente, deve-se conceituar planos
(alto, médio e baixo). Com o auxilio de algum instrumento, conduzir
o ritmo da caminhada e orientar a exploração dos três planos. Os
participantes estarão andando pelo salão, ao seu sinal, ele
paralisarão com expressão facial e corporal sentimentos como
alegria, tristeza, medo, pavor, ira, orgulho, cinismo, desanimo,
desprezo, etc, estes sentimentos ao seu sinal, você irá falar. Pode
se fazer em dois grupos, para que um grupo olhe e observa a expressão
do outro, e você analisa junto o que faltou, o que melhorou, etc.
Atividade 07 –
Espelho - Cada
componente do grupo escolherá um parceiro, onde um será o espelho e
o outro o comando. O espelho deverá repetir os gestos e movimentos
do comando como: pentear-se, pular, expressar caretas, abaixar, etc.
simultaneamente. Depois o espelho passará a ser comando e o comando
espelho. Com o tempo, caso a dupla esteja afinada, o ritmo de ações
pode variar de fluência e juntar 2 duplas.
Atividade
08 – Expressão
vocal – Criar um ritmo tirando sons do próprio corpo. Variar com
alguns trava-línguas e/ou músicas.(sugestão: ilustrar a atividade com vídeos do grupo Barbatuques que criam músicas a partir de sons extraídos do corpo).
Atividade 09 –
Quadros de Obras Famosas
Objetivo: Desenvolver a
percepção, reproduzindo com o corpo, as poses das figuras
representadas em quadros famosos.
Desenvolvimento: O
professor leva para a classe um conjunto de quadros figurativos
famosos, de diversas épocas da história da pintura. Os alunos os
observam e selecionam os que lhes despertarem maior interesse.
As crianças organizam
grupos cujo número de participantes deve corresponder ao número de
elementos do quadro escolhido. O tempo limite para que cada grupo
observe o quadro é de dois minutos. Após observação, os alunos
tem cinco minutos para reproduzirem com o corpo. Os expectadores
recebe o mesmo quadro para analisar a semelhança das poses e
corrigir as posturas que não estiverem de acordo com o modelo.
Os
quadros apresentados aos alunos devem ser identificados pelo
professor quanto ao autor, à época e a Escola a que pertence.
Atividade
10 –
Escultura/ Avaliação
do encontro - em duplas. Define quem será o escultor e quem será o
esculpido. Cada dupla deverá esculpir no outro um sentimento, uma
imagem... que represente, subjetivamente, o encontro.
Referências:
- BOAL, Augusto. Jogos para atores e não -atores.3 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
- CHACRA, Sandra. Natureza e sentido da improvisação teatral. São Paulo: Perspectiva, 1983.
- COURTNEY, Richard. Jogo, teatro e pensamento. São Paulo: Perspectiva, 1980.
- DESGRANGES, Flávio. A pedagogia do teatro: provocação e dialogismo. São Paulo: Hucitec/Mandacaru, 2006, p. 119.
- JAPIASSU, Ricardo. Metodologia do ensino do teatro. Campinas: Papirus, 2001.
- KOUDELA, Ingrid Dormien. Brecht: um jogo de aprendizagem. São Paulo: Perspectiva /EDUSP, 1991.
- KOUDELA, Ingrid Dormien. Jogos Teatrais. SP: Perspectiva, 1984.
- MORENO, Jacob Levi. O Teatro da Espontaneidade. São Paulo: Summus, 1984.
- SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. SP: Perspectiva, 1979.
- ------------------. Jogos Teatrais no livro do diretor. SP: Perspectiva, 1999.
- -------------------. Jogos Teatrais: o fichário de Viola Spolin. SP: Perspectiva,2001.
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